segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

EDITAL CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO - EDIÇÃO 2013


CONCURSO DE CRÔNICAS

LAURA FERREIRA DO

NASCIMENTO

 

Crônica: “gênero literário muito praticado no Brasil, consistindo num pequeno artigo sobre qualquer assunto, em tom coloquial, procurando estabelecer com o leitor uma intimidade afetuosa que o leva a se identificar à matéria exposta”. (CANDIDO, Antônio. Iniciação à Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2007, p. 110-111)

 

 

Crônica: “um gênero literário, de prosa, ao qual menos importa o assunto, em geral efêmero, do que as qualidades de estilo; menos o fato em si do que o pretexto ou a sugestão que pode oferecer ao escritor para divagações borboleantes e intemporais; menos o material histórico do que a variedade, a finura e a argúcia na apreciação, a graça na análise dos fatos miúdos e sem importância, ou na crítica buliçosa de pessoas”. (COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 104)

 

 

Crônica: “A crônica é na essência uma forma de arte, arte da palavra, a que se liga forte dose de lirismo. É um gênero altamente pessoal, uma reação individual, íntima, ante o espetáculo da vida, as coisas, os seres”. (COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 106)

 

 

Crônica: “E, afinal, o que é a crônica? Trata-se do vôo livre da palavra, tão solta quanto na poesia, capaz de elevar o pensamento até os mais distantes confins, estabelecer os laços com a realidade ou se perder nas brumas da ficção, engajar-se às questões políticas ou se alienar nos domínios do amor, aprofundar-se na busca da verdade ou flutuar pelos imensos campos da dúvida. Ligada pelo cordão umbilical aos fatos do dia ou à época que se atravessa, ao momento histórico ou à situação eventual de uma comunidade, de um país, ao retrato de um instante qualquer na vida humana, filha do deus Khrónos (o tempo) por excelência, e por isso mesmo com a sua durabilidade abreviada pela transitoriedade intrínseca, a crônica pode subir tão alto a ponto de se tornar exemplar ou inalcançável. E, portanto, se eternizar”. (GALVANI, Walter. Crônica – o vôo da palavra. Porto Alegre: Mediação, 2009, p. 18)

 

 

 

Art. 1º - Promovido pela Associação de Cultura e Turismo de Maracaí (ACULTIM) e pela Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí/SP (ADPCIM), o CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO tem por objetivo estimular a produção literária, incentivar a cultura e promover a conscientização.

 

 

Art. 2º - Poderão participar do CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO textos em língua portuguesa.

 

 

Art. 3º - O texto ficcional apresentado individualmente deverá ser inédito, seja na forma impressa, seja na forma eletrônica.

 

 

Art. 4º - Não serão aceitas nem obras póstumas nem assinadas por grupos.

 

 

Art. 5º - É vedada a participação de parentes – filhos, enteados, sobrinhos, primos, cônjuges (civil ou religiosamente casados ou em União Estável), irmãos, cunhados, pais, mães, padrastos, madrastas e avós – dos membros da Comissão Organizadora e da Comissão Julgadora do CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO.

 

 

Art. 6º - Cada concorrente poderá participar com APENAS UMA CRÔNICA, sendo vedada a co-autoria.

 

Art. 7º - A terceira edição do Concurso de Crônicas Laura Ferreira do Nascimento homenageará um escritor da região de Maracaí (SP).

Parágrafo Primeiro – O homenageado, escolhido pelas diretorias da ADPCIM e da ACULTIM, é o poeta Antônio Lázaro de Almeida Prado. Piracicabano, adotou Assis (SP), município para o qual criou o slogan “Cidade Fraternal”. Jornalista, Poeta, Cronista, Contista, Ensaísta, Crítico Literário, Professor Emérito e Fundador da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (campus de Assis – SP), Doutor e Livre-Docente em língua e literatura italianas pela Universidade de São Paulo (USP). Lecionou na Universidade de São Paulo de 1953 a 1958, transferindo-se, em seguida, para a Cidade Fraternal, onde fundou o curso de Letras. É autor, entre outros livros, dos ensaios “Itinerário poético de Salvatore Quasímodo” e “O acordo impossível”, e, na poesia, de “Lúcido Sonho”, “Ciclo das chamas”, “Verso e reverso”, “Arte poética para passarinhos” e “Poesia sempre”. É tradutor do filósofo Giambattista Vico. Em 2008, foi o representante brasileiro convidado para participar do 14º Festival Internacional de Poesia de Gênova, na Itália. Nasceu em 1925. Vive em Assis.

 

Art. 8º - O concorrente escreverá sua crônica sobre o tema AMOR.

 

Art. 9º - Em referência ao poeta homenageado, a crônica obrigatoriamente começará com o verso “Com breves palavras minhas”, extraído do poema “Telegráfico” (PRADO, Antônio Lázaro de Almeida. Poesia sempre. São Paulo: Patuá, 2012, p. 16).

 

Art. 10 - As crônicas não poderão exceder 1 (uma) página. Os autores devem utilizar fonte Arial, tamanho 12, espaçamento 1,5 entre as linhas e todas as margens medindo 2,5 cm (dois centímetros e meio).

Parágrafo primeiro – O desrespeito às regras estabelecidas neste regulamento implica na desclassificação do concorrente.

 

Art. 11 - As inscrições estarão abertas de 1 (um) de fevereiro a 28 (vinte e oito) de junho de 2013.

Parágrafo único – As correspondências postadas antes ou depois do prazo de início e término do Concurso de Crônicas serão recusadas servindo, para averiguação de datas, o carimbo da postagem dos Correios.

 

 

Art. 12 – Os trabalhos devem ser enviados pelos Correios em carta simples, registrada ou via Sedex para: CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO - Caixa Postal 457 – Maracaí/SP. CEP: 19840-000.

Parágrafo Primeiro – Os textos postados até 28 de junho de 2013, para tanto valendo o carimbo dos Correios, serão aceitos se chegarem impreterivelmente até 5 de julho de 2013. Os textos que chegarem após 5 de julho de 2013 serão automaticamente desconsiderados e imediatamente descartados.

Parágrafo Segundo – As entidades promotoras do CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO não se responsabilizam pelas correspondências que não chegarem ao destino.

 

 

Art. 13 – Os textos, em 5 (cinco) vias, deverão conter o título (centralizado). O pseudônimo do concorrente deverá estar alinhado abaixo, à direita, logo após o título. A primeira linha deve seguir o estabelecido no art. 9º deste edital.

 

 

Art. 14 – Junto com esse material deve ser encaminhado um envelope menor, lacrado, identificado externamente apenas com o título do trabalho e o pseudônimo do concorrente. O envelope menor deverá conter o título e o pseudônimo do trabalho, o nome do autor, endereço completo, telefones, endereços eletrônicos (e-mails), números do RG e do CPF e curriculum de, no máximo, 1000 (mil) caracteres.

Parágrafo Primeiro – Os candidatos maiores de 18 (dezoito) anos devem enviar fotocópias do CPF e do RG, número de conta corrente ou conta poupança em banco de abrangência nacional para que, eventualmente classificados, recebam o prêmio em dinheiro.

Parágrafo Segundo – Os candidatos menores de 18 (dezoito) anos devem enviar fotocópia do RG e, na ausência deste, da certidão de nascimento. Se classificados, deverão enviar fotocópias do RG e do CPF do responsável, acompanhadas de autorização de recebimento dos valores e dos dados bancários (número de agência e de conta corrente ou conta poupança em banco de abrangência nacional).

 

 

Art. 15 – O julgamento será feito por uma Comissão composta de intelectuais de comprovado conhecimento literário.

Parágrafo Único – Os nomes e as biografias dos membros da Comissão Julgadora estarão disponíveis em meados de setembro.

 

 

Art. 16 – A avaliação dos textos será realizada considerando a originalidade, a criatividade, a qualidade técnica e o respeito às especificações dos artigos 8º, 9º, 10, 11, 12, 13, 14.

 

 

Art. 17 – As decisões da Comissão Organizadora e da Comissão Julgadora são irrecorríveis.

 

 

Art. 18 – Serão selecionados 3 (três) textos.

 

 

Art. 19 – Os resultados serão divulgados em 5 de outubro de 2013, no mural da Associação de Cultura e Turismo de Maracaí (ACULTIM) e da Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí (ADPCIM); na página da internet do CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTOwww.concursosdecronicas.blogspot.com e nos programas da UMAC – União Maracaiense de Associações Comunitárias – na rádio comunitária de Maracaí (SP).

Parágrafo Único – A Comissão Organizadora enviará aos meios de comunicação os resultados do CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO não se responsabilizando, no entanto, pelo compromisso de divulgação nos mencionados meios de comunicação.

 

 

Art. 20 – Três concorrentes serão classificados e premiados da seguinte forma:

 

 

PRIMEIRO LUGAR

R$ 1.000,00

(mil reais)

Certificado

Livros

 

 

SEGUNDO LUGAR

R$ 100,00 (cem reais)

Certificado

Livros

 

 

TERCEIRO LUGAR

R$ 100,00 (cem reais)

Certificado

Livros

 

 

Art. 21 – Após o término do concurso, os textos recebidos não serão devolvidos.

 

Art. 22 – A participação no CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO implica a aceitação total e irrestrita de todos os itens deste regulamento.

 

Art. 23 – Os casos omissos neste regulamento serão, de maneira irrecorrível, resolvidos pela Comissão Organizadora.

 

 

 

COMISSÃO ORGANIZADORA

 

Adriana Jesuíno Francisco

Ana Carla Oliveira Regis da Silva

Roberto Agapito

Vicentônio Regis do Nascimento Silva – Presidente

 

 

 

COMISSÃO JULGADORA

 

Os nomes dos membros da Comissão Julgadora serão divulgados em meados de setembro de 2013.

 

 

 

 

 

PATROCÍNIO


www.activesystemwd.com.br

(18) 9613-1823

 

 

 

LAN HOUSE CONEXÃO

NANDEX INFORMÁTICA

Avenida Siqueira Campos –

Paraguaçu Paulista/SP.

(18) 3361-5830

 

 

 

APOIO

 

UMAC

União Maracaiense de Associações Comunitárias


 

 

 

 

REALIZAÇÃO

 

 

ACULTIM

Associação de Cultura e Turismo de Maracaí

 

 

ADPCIM

Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí/SP


 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

CAINDO NUMA GELADA


Por Vicentônio Silva


 

 

Percalços, obstáculos ou impedimentos são encontrados em todos os trajetos, mas se deseja encurtar o caminho aos céus, adote um primo que more em Marília, trabalhe em São Paulo e visite-a de vez em quando sempre trazendo idéias brilhantes cujo testemunho, na capital paulista, centro do desenvolvimento, assegurará bem-estar ao seu cotidiano.

 

O primo discorrerá sobre o trânsito cardíaco, as oportunidades de empregos e negócios milionários respirando nas esquinas, nas mesas de bares, na fila do restaurante de quilo ou no cruzamento da Paulista com a Consolação. Abordará os principais temas de economia, sugerindo mudanças na política cambial e enfatizando a necessidade de equilíbrio do dólar a fim de ajustar as contas externas das empresas. Defenderá as transformações urbanísticas e elogiará a lei da cidade limpa. Criticará arduamente os problemas sociais, os menores abandonados ou os engaiolados em estruturas vis e apontará a solução à violência escolar ou universitária. Por fim, e não menos importante, incentivará a sustentabilidade, olhará seu telhado e sugerirá a adoção de placas de iluminação solar: mais economia, menos gasto de eletricidade, conforto total no ar condicionado ligado vinte e quatro horas.

 

Claro que, mulher inteligente, engajada nos modismos e solícita às orientações do primo – afinal, vive em São Paulo, conhece largamente as estratégias de sustentabilidade que salvarão o planeta – comprará as placas, as telhas e os materiais a fim de modificar a estrutura de sua casa e, consequentemente, dar mais qualidade de vida à família. Não apenas satisfeito em dar os preciosos conselhos, o primo também se disporá a ajudá-la a efetuar as transformações e, no dia seguinte, por volta das seis e meia da manhã, poucos minutos depois de sua mãe sair à caminhada diária com o intuito de atualizar as notícias – mulher jamais fofoca, apenas atualiza as notícias, ele baterá à sua porta, arreganhará os dentes, apontará a escada improvisada em cima do fuscão bala:

 

- E aí, prima? Pronta?

 

Você escovará os dentes, comerá pão, geléia, ovos mexidos, presunto, queijo e duas fatias de mamão, voltará a escovar os dentes, vestirá calças jeans de oito bolsos a fim de armazenar as ferramentas ao trabalho, ajudará o primo a retirar a escada do fuscão bala, mas antes de armá-la, lembrar-se-á do freezer problemático que, por uma válvula solta, encheu-se de gelo. Com a ajuda do primo – sempre sorridente e sempre da capital – empurrará o freezer até o quintal onde, debaixo do sol quente fulminante, os cachorros brincarão latindo com a agitação da manhã de sexta-feira.

 

Seu primo então se comprometerá a segurar a escada e a zelar pelo seu bem-estar. Dando-lhe orientações de instalação do teto solar, aconselhará o uso de mangueira de jato forte com o objetivo de limpar as telhas antes de qualquer mudança e, sem perder tempo, você subirá a escada enganchando, num dos bolsos, a ponta do janto de água. Em cima do telhado, olhará em volta e admirará Marília Bela, batizada pelo fundador da cidade em homenagem à Marília de Dirceu. Do outro lado da rua, crianças jogarão futebol utilizando quatro tijolos como traves.

 

Sua vizinha do lado esquerdo, observando sua intrepidez, perguntará de sua mãe e você, sempre solícita e delicada, dará uma volta de cento e oitenta graus a fim de responder-lhe. Mudança de posição, acionamento da alavanca, a água esguichará implacavelmente. Desequilibrada, ainda terá sorte de cair sobre o primo que, percebendo o desastre, pensou em correr para dentro de casa, mas o pensamento não correspondeu à ação.

 

A vizinha que testemunhara a queda e as crianças que ouviram os gritos chamarão os bombeiros, a polícia e, de quebra, a imprensa. Os bombeiros tentarão entrar no quintal para os primeiros socorros, mas os cachorros, apesar de pequenos, são ferozes.

 

Voltando da caminhada, sua mãe se exasperará com a multidão acabando com as orquídeas do jardim e, diante dos fatos, fixará seus olhos:

 

- Da próxima vez que ele – apontará para o primo – aparecer com a idéia de instalar aquecedor solar no teto, arrebente-o na cabeça dele!

 

*Publicado originalmente na coluna Ficções, caderno Tem!, do Oeste Notícias (Presidente Prudente – SP) de 26 de outubro de 2012.

sábado, 22 de setembro de 2012

RESULTADO DO CONCURSO DE CRÔNICAS LAURA FERREIRA DO NASCIMENTO - EDIÇÃO 2012


A Comissão Organizadora do Concurso de Crônicas Laura Ferreira do Nascimento edição 2012 tem a grata satisfação de anunciar os cinco classificados que, entre 153 inscrições, conseguiram, de alguma maneira, despertar o interesse dos membros da Comissão Julgadora que, de maneira impessoal e imparcial, avaliou os textos enviados de todo o país e do exterior.

O tema “nepotismo” – escolhido durante as reuniões entre os diretores da ADPCIM (Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí/SP) e da ACULTIM (Associação de Cultura e Turismo de Maracaí) – proporcionou a elaboração de crônicas de adolescentes, jovens, adultos, idosos, professores, escritores, editores, jornalistas, mestres e doutores das mais diversas áreas.

Aos membros da Comissão Julgadora, aos diretores da ADPCIM e da ACULTIM, nosso muito obrigado.

Entre os concorrentes, cinco classificaram-se na seguinte ordem:

 

1º LUGAR

Crônica – Colar de pérolas

Pseudônimo – Maria Feitosa

Candidata: LETÍCIA MAURA CONSTANT PIRES – jornalista formada pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) em 1978. Trabalhou no “Jornal da Tarde”, no “Shopping News” e em diversas assessorias de imprensa de São Paulo. Publicou os livros “Poemas de Candeia” (1978), “Espelho Eu” (1987) e “Casa 12” (2007, pela Companhia das Letras). Cronista do site Taste, trabalha em Paris na Radio France International. Cantora e compositora com discos gravados. Pretende se apresentar em São Paulo e no Rio de Janeiro em 2013.

PARIS – Franca.

Possui endereço e conta bancária no Brasil, conforme estipulação de edital, para envio de livros e depósito de dinheiro.

 

2º LUGAR

Crônica – Em família

Pseudônimo – Alfredo Severino

Candidato: MOACIR LOPES POCONÉ NETO – Graduado em Letras pela Universidade Tiradentes em 2008. Bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal de Sergipe em 1996. Professor de redação, literatura e português do ensino médio e escrivão de Justiça.

Lagarto – Sergipe.

 

3º LUGAR

Crônica – O senador

Pseudônimo: Albino do Angico

Candidato: AGLIBERTO CERQUEIRA – Publicitário graduado pelo Instituto Metodista de São Bernardo do Campo. Publicou o livro “O quá quá quá do cisne preto – um passeio ao som do rádio” (2006) e o conto “O ovo na cabeça do homem” na antologia Anjos de Prata.

Santana de Parnaíba – São Paulo.

 

 

4º LUGAR

Crônica – O protegido

Pseudônimo: Lariel Frota

CANDIDATA: MARLI RIBEIRO DE FREITAS – professora e escritora, integra antologias publicadas por editoras. É autora de “Baú de Cassandra”, obra lançada em agosto de 2011 e com a qual participou do 26º Salon International du livre et de la presse  em Genebra, na Suiça. O texto classificado baseia-se em romance ainda inédito.

São Paulo – SP

 

5º LUGAR

Crônica – Nepotismo

Pseudônimo: Eudemim Vivêncio

Candidato: RAFAEL ALVARENGA GOMES – bacharel e licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor de filosofia da rede estadual do Rio de Janeiro. Escreve em jornais impressos e eletrônicos de Cabo Frio (RJ) e Armação de Búzios (RJ). Autor do livro juvenil “Dia e noite no jardim”.

Cabo Frio – Rio de Janeiro.

 

 

A Comissão Organizadora, a Comissão Julgadora, os patrocinadores ACTIVE SYSTEM e Nandex Informática (Paraguaçu Paulista – SP), os diretores da ADPCIM e da ACULTIM parabenizam os concorrentes classificados assim como todos os inscritos na segunda edição do Concurso de Crônicas Laura Ferreira do Nascimento.

 

Nos próximos dias, o presidente da Comissão Organizadora entrará em contato – ou por telefone, ou por e-mail – a fim de confirmar dados e fornecer orientações sobre a entrega dos prêmios (envio de livros e depósito bancário).

 

A todos – colaboradores, patrocinadores e concorrentes – os nossos mais entusiasmados agradecimentos.

 

Comissão Organizadora.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

MOTOBOY


Por Vicentônio Silva


 

 

Equivoca-se quem pensa que a vida de motoboy é uma mamata. Acorda-se cedo, dorme-se tarde, come-se mal, torra-se no calor, tirita no frio, sem tempo de curtir os amigos, a família e os jogos de futebol, sem previdência social, sem férias, sem décimo terceiro salário, sem feriados, dias mais alegres financeiramente, outros menos extasiantes, contudo, um consenso: quem vira motoboy possui mil e uma aventuras!

 

A mais recente delas aconteceu aqui mesmo, em Presidente Prudente, quando o rapaz de dezenove anos, trabalhando há dois dias numa dessas agências, recebeu a incumbência de entregar a passageira – acabara de chegar de Campo Grande e levava incômoda bolsa de viagem – à saída para Martinópolis. Convenhamos que o trajeto – entre a rodoviária e a saída da cidade – nem é tão comprido. O motociclista, equilibrando-se como dava e limitando-se a quarenta quilômetros por hora, parou à calçada da cliente pouco menos de dez minutos depois. Domingo à tarde, cidade morta, trânsito livre.

 

Embolsaria os seis reais da corrida – e, dando sorte, mais dois ou três pelo desvelo em transportar cuidadosamente e sem reclamar a bolsa de viagem – quando a mulher, destrancando o portão e puxando a bagagem, informou que o dinheiro o esperava dentro de casa. Antes de entrar, um banho. Ele, não ela.

 

O rapaz arregalou os olhos, imaginou tratar-se de piada. Diante da exigência, incrédulo e necessitado do emprego, atravessou exatos vinte e sete quarteirões até chegar em casa, ligar o chuveiro, ensaboar-se, colocar xampu, mais uma chuveirada, enxugar-se, pentear o cabelo e, aproveitando que já estava em casa, trocar cueca, meias, sapatos e camisa.

 

Retomou os vinte e sete quarteirões, dedo no interfone. A passageira olhou-o pela câmera, abriu a porta, destrancou o portão, convidava-o a entrar na casa a fim de pegar os seis reais da corrida quando perguntou se tinha mentido: realmente tomara banho? Ele confirmou a higienização, camisa limpa, cabelo ainda molhado. Alegando a péssima qualidade do xampu e o enjôo causado pelo produto, exigiu novo banho sem xampu.

 

- Sou cliente antiga! Quando voltar, nem precisa tocar o interfone. Entre direto, sente-se e me aguarde. Sarei do banho em seguida.

 

Claramente qualquer pessoa dotada de discernimento mediano a mandaria ao quinto dos infernos, montaria na moto e aproveitaria o domingo ou aguardaria o chamado de novo cliente. Ele optou por refazer o trajeto de vinte e sete quarteirões, esfregar bem a cabeça, enxugá-la e, ainda por cima, pegar o secador da irmã.

 

De volta à rua, carro com três rapazes visivelmente embriagados avançou o sinal vermelho, rolou na curva sinuosa, subiu abruptamente na calçada, desapareceu em zigue-zague. Lembrou-se das recomendações do chefe: todo cuidado é pouco! Carro maluco, motorista embriagado? Mantenha distância.

 

Parou no posto de combustíveis, vinte reais de gasolina. Óleo da moto, água nas rodas. Retomou o trajeto e, mais uma vez, parou na frente da casa da cliente que, sem cerimônia, deixara o portão destrancado. Avançou cuidadosamente, abriu a porta da sala: dois jogos de sofá, um lustre aparentemente caro, um mini-bar com vinho, uísque, conhaque, taças pequenas, médias e grandes, balde e apanhador de gelo. Sentou-se no mais confortável, esticou as pernas na mesinha de centro, pegou o jornal ainda fechado, correu direto à página de esportes, posou de rico.

 

Agora, pensou satisfeito, entendia a exigência de dois banhos e a ordem de retirar o cheiro do xampu. Um ambiente daqueles não comportava imundos. Já nem se preocupava com o tempo gasto. Se estava limpo, que mal tomar uma taça de vinho depois de pegar seus seis reais? Ou ela exigiria que lavasse as mãos com sabonete francês, água mineral norueguesa e, por fim, álcool em gel do Marrocos? Secaria as mãos em toalhas irlandesas?

 

O telefone tocou. Retirou o aparelho do bolso: o chefe. Perguntou onde estava e, antes que explicasse o motivo da demora, cinco policiais arrombaram a porta, armas em punho. Você acha que os policiais engoliram a história dos banhos?

 

*Publicado originalmente na coluna Ficções, caderno Tem!, do Oeste Notícias (Presidente Prudente – SP) de 21 de setembro de 2012.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

COMPUTADOR


Por Vicentônio Silva


 

 

Chamou ao fim da tarde para mostrar-me o computador zero quilômetro comprado em dezessete suaves prestações sem juros, primeiro pagamento sessenta dias depois da compra. O técnico instalara a máquina. Apresentara-lhe os procedimentos de entrar nos sites de notícias, de esportes, de vinho, de pólo aquático, de companhias aéreas e de roteiros turísticos. Com o tempo, a curiosidade e a praticidade, descobriria novos endereços eletrônicos e perderia horas diárias na frente da tela, buscando informações esquecidas após minutos, desinteressando-se das atividades físicas eventualmente praticadas e largando no esquecimento as obrigações pessoais mais maçantes.

 

Sentou-se na cadeira da mesinha do computador, apontou-me um banco de cinco pernas – feito pelo filho mais velho numas aulas de marcenaria da escola técnica – e, sem receio, sorriso estampado e olhos provocativos, acionou o botão do estabilizador, apertou o da CPU, fixou os olhos no monitor. Sem sucesso, aguardamos dez ou quinze segundos. Calmamente, voltou a apertar o botão do estabilizador, o da CPU, fixou os olhos no monitor.

 

- Inferno! Gritou, levantando-se exasperadamente, dando a volta na mesinha, pesquisando os fios traseiros como se fosse capaz de detectar o problema. – Comprei essa máquina hoje. Hoje o rapazinho instalou, ligou, mostrou o funcionamento, deu-me algumas dicas. Bastou ele sair para, logo de cara, essa porcaria dar-me dores de cabeça. Mas, será possível?

 

Soltou cinco ou seis palavrões. Mais uma vez, iniciou o procedimento de apertar o botão do estabilizador e da CPU, olhando, angustiado e esperançoso, a reação do monitor. Nenhuma imagem, nenhuma manifestação, nenhuma letra.

 

- Também não pago nada. Fiz o negócio em dezessete prestações, sem juros, pagamento em sessenta dias. Quem disse que pago? Suspendeu a cadeira nova – comprada no conjunto com a mesinha – e a jogou de lado. Tentei acalmá-lo, contudo os olhos raivosos advertiram-me a distância necessária para manter-me inteiro.

 

Entrou furioso no quarto. Carnê das prestações. Pegou o telefone, trêmulo. Discou o número gratuito, explodiu de raiva, ameaçou o atendente. Do outro lado da linha, o rapaz solicitava a verificação de acoplamento dos fios entre o estabilizador e a CPU, entre a CPU e o monitor, entre o monitor e o estabilizador. Tentativas frustradas, xingamentos exasperados, técnico em quarenta e cinco minutos.

 

O técnico da empresa chegou aos trinta e três, período durante o qual sentamo-nos embaixo do abacateiro, conversamos sobre a ascensão do campeão fluminense, divergimos em torno das mudanças estruturais no trânsito urbano, recordamos os tempos em que praticávamos a travessia fluvial entre Presidente Epitácio e Bataguassu, demorando horas na água indomável...

 

Assim o técnico despontou ao portão, quis dizer poucas e boas ao menino de dezoito anos, entretanto percebeu, ainda em tempo, que ele não tinha culpa da loja adquirir computadores de péssima qualidade, provavelmente vindos da China. Amistoso, um copo de Coca-Cola ao rapaz que, sentindo-se acolhido, desculpou-se pela demora, alegando serviço no outro lado da cidade e pequeno incidente durante o trajeto: a caixa traseira da moto abrira-se, ferramentas espalhadas na rua, ninguém ferido.

 

Quando entramos, meu amigo começou a ladainha. Suspenderia o pagamento, devolveria a aparelhagem e, se já tivesse dado entrada, exigiria o dinheiro de volta. Como confiar numa máquina, primeira vez já falhava? Caso de vida ou morte, como ficaria? Perdera praticamente a tarde inteira. Desejava ainda aproveitar o início da noite para indicar-me endereços de sites interessantes, longamente pesquisados.

 

Atencioso e cortês, o técnico desculpou-se novamente pela demora e prontificou-se a, se necessário, levar reclamações diretamente ao gerente do consumidor. Deu um volta, olhou os fios.

 

- Já achou o problema? Indagou meu amigo, incrédulo.

 

O técnico pegou o fio, introduziu na tomada de energia, acionou o botão do estabilizador, apertou o da CPU e, magicamente, o monitor se acendeu.

 

 

*Publicado originalmente na coluna Ficções, caderno Tem!, do Oeste Notícias (Presidente Prudente – SP) de 14 de setembro de 2012.